hoje tem uns 200 milhões em editais abertos em santa catarina. só em florianópolis são 04 editais do PNAB. é muita verba? não. na economia da cultura esse valor multiplica e retorna muito mais em impostos e serviços.

mas se é bom para toda sociedade, por que diabos é tão difícil de inscrever um projetinho simples?
abrimos inscrição num edital parecendo blitz de exército. SEUS DOCUMENTOS. CALADO. VAI PRA VIATURA>
é um sistema militar que não tem inteligência. não tem plataforma de indicadores.
só que o acesso às verbas milionárias não chega na periferia. podem fazer decreto e cotas. mas não chegam.
porque o governo local manda reservar tanto para indígenas, e tanto para PCDs, e outro tanto para produtores negros e que apresente eles mesmos recursos de acessibilidade., como rampa, elevadores, audiodescrição.
imagina isso no morro de floripa? na quebrada? no quilombo e na terra indígena?
o governo faz de conta que é sensível à exigência de incentivo às minorias e melhorias nas quebradas. só que os editais de cultura são a perfeita expressão do “pacto da branquitude”.
só quem já foi iniciado na escola de hermetismo de formatação de projetos consegue mandar algum.
é para testar a capacidade de entender um texto que alguém lá da fundação escreveu e é confuso e enfadonho.
verba não falta. falta é a periferia tomar conta das fundações culturais e exigir acessibilidade, rampa, elevadores na sua quebrada, porque a verba tá ali.
a verba pública tá sempre ali pronta pra ser compartilhada entre nós, brancos de classe média. eu faço parte dessa “classe média”.
sei o quanto é difícil conseguir fazer 15, 20 projetos ao mesmo tempo com um fator de redundância que beira a insanidade mental.
e sei o quanto de verba não vai realmente para as periferias, porque não é o decreto de cotas que vai irrigar o fomento.
tem que começar esse papo reincidente em se discutir sobre essas merdas de plataformas de inscrição.
é tétrico, bizarro, é labirinto de maçon masoquista e burocrata de exército.
tem que mudar essa porra toda de uma vez. a perifeira tem que ocupar as decisões na Cultura.
mesmo porque Cultura não muda o status quo. o que muda é a Arte.