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29
2021

Ethos Punk de Věra Chytilová em 1966

Na linha Věra Chytilová:

” SEDMIKRÁSKY “

O cinema novo tcheco é um campo fértil a ser revisitado, em suas experimentações de linguagem contestadoras e inovações técnicas.

Destacamos “As Pequenas Margaridas” (1966) da anárquica cineasta e inventora Věra Chytilová, um libelo contra o conservadorismo.

Antecipando o ethos punk uma década antes do movimento, Chytilová destroi a narrativa convencional, com recortes, filtros, cores e mise-en-scène aberta.

A ambivalência das duas personagens chamadas Maria, vividas por Jitka Cerhová e Ivana Karbanová, em brincar seriamente, e desconstruir a ação em pura brincadeira, faz da obra um vetor de interpretações.

Em nenhum momento a cineasta prega a ação fútil, apesar da energia às vezes flertar com o vazio, pois a cineasta sabia exatamente onde estava pisando.

Tanto que seu filme começa e termina com pesadas engrenagens e melodia militar, como se a comédia ali figurasse dentro de parênteses.

Na primavera de Praga em 68 a cineasta ficou proibida de filmar, retomando na década seguinte sua intensa cinematografia.

“A Herança”, de 1992, é um dos filmes mais absurdamente interessantes da história do cinema.

Mas antes, se não assistiu ainda, confira “Daisies” em cópia excelente, por poucos dias, para pesquisa, em:

Bit.ly/daisieson