Eu Te Amo de 1981 é sobre o amor líquido. tem interface eletrônica pornô fragmentada e colagem de corpos objetos.
tem o amor romântico em crise e a crise social traduzida no relacionamento.
o filme de Arnaldo Jabor é quase todo filmado em interna. o anterior “Tudo Bem”, alegoria da burguesia enlatada num apartamento, tb é interna, assim como o próximo “Eu sei que vou te amar”, mais radical ainda na coreografia da câmera.
a plasticidade resulta das coordenadas de desejo de consumo, como um fim.
esse fim é simbolizado pela propaganda do sabonete “Eu Te Amo”, com tintas, neon, na “essência de jasmin, reve damour e american alpine. eu te amo, o romeu dos sabonetes. agora em nova embalagem”.
a propaganda cria um abismo que faz da TV interativa uma interface eletrônica de relacionamento.
a cena de Pereio beijando os seios de Vera Fischer pela TV é a modernidade líquida no cinema.
com faca, revólver e agressões o casal Sonia Braga e Pereio faz o jogo de aparências que culmina num tiro no escuro, com uma pele de animal.
um ritual selvagem em meio urbano. o sangue é falso mas a morte do amor é agonizante.
a eternidade é a imagem industrial da propaganda, em meio da libido que parece só funcionar como fim de si mesma por dispositivos eletrônicos.
parece que tá falando de hoje, porra.